sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

SEUS OLHOS ME DIZEM MEDO


Quanto medo de ser belo a sua maneira... Medo. Vejo olhos marejados na raça esta tarde. Fim de ano é sempre época de despedidas, reencontros. Vejo muito medo, e isso me assusta.
O que pode nascer de um sentimento tão mesquinho quanto o medo? Receio de segurar e deixar cair, de amar e não ser amado, de jogar e perder.
Hesitação. E tudo que não se precisa nesses dias nublados, cobertos da poeira do torpor, ensimesmados no medo infame do errar, do equivocar-se.
Tenho escutado tantos olhos me falando bobagens sobre medo. Esse mesmo medo que tem feito dos fortes, confusos e de céticos vãos questionadores.
Evolução pessoal só é possível quando se vence as perspectivas que criamos diariamente ao nos olharmos no espelho. Espelho esse que reflete medo. E a mesma palavra ecoa muda quase inaudível pela praça essa tarde, e continuo a observar com uma ponta de duvida todo esse temor enraizado no coração de todos.
Estão feridos por suas próprias expectativas, não conseguem aceitar-se, é perfeição demais!
Quantas perfeições todos na praça almejam essa manhã! Os pombos se pousam sobre o marco zero da cidade, e nesse começo de dia nublado não há migalha de pão ou discursos acalorado de nenhum pregador religioso. Só existe o medo. Perca partida, receio, dispersão, magoa liberdade. Medo. Só vislumbro o medo.
Essas manhãs não se viram beijos apaixonados, discursos escatológicos, ou lamento de mães. Essa manhã, neste dias excessivamente nítido vi um sentimento cancerosos consumindo os homens.
Pela primeira vez desde que aqui cheguei eu senti. Era medo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

percalços amorosos S/A



Amando a pessoa certa de se amar... como é fácil encontrar essa entidade! nós meros mortais acreditando no conto ¨cinderelesco¨ vislumbramos esse ser sempre no futuro... um ser que chegará trazendo consigo as respostas as duvidas, satisfazer nossos desejos, ser a cura do mal, a bênção mandada dos céus... bem, raios, quem é a pessoa certa e se é fácil de encontrar porque a gente não crava as unhas e não solta mais?!
simples: temos tanto medo de amar a pessoa certa!.
a pessoa certa costuma ser um bom amigo, aquele primo cabeça sempre dando bons conselhos, o colega amalucado que te faz rir até sentir vertigem, enfim a pessoa certa, é certa demais! você a ama tanto que tem medo de perder o que se tem, pelo que arriscado amanhã.
Vi em um desenho animado numa destas sessões de sabado uma citação pra lá de espirituosa de um animado pica-pau ¨ porque se preocupar com amanhã se ele só acaba depois de amanhã? ¨ realmente acho que deveríamos perder um tiquinho mais de tempo com nossas crianças nos sábados...
O ser humano por natureza teme a perca, porque já nascemos perdendo! ainda dentro do útero quentinho, sentimos o medo eminente da perca ao sermos lançados ao mundo externo, fora de nosso casulo isolado, de qualquer influencia ou acção nos ser tirado...apartir daquele momento o medo da perca nos assola,
e olha que falei desse assuto no ultimo post, mas parece que ele ainda não acabou, persiste na minha cabeça tirando minhas tardes de conclusões alcolicas no banco da praça. Mas a pergunta é: pode-se ganhar sem perder? pode mudar o mundo sem mudar o eu primeiro? pode-se amar sem arriscar?!
Estamos suscetiveis a perca, e na pior da hipóteses perder a vida, perdemos tudo inclusive a calma e a paciência, cansados de esperar pelo futuro, aceitamos o presente e acabamos preso numa tediosa vida que nunca almejamos de fato.
Não temos tanto tempo a perder assim minha gente! vamos viver sem medo de amar as possibilidades por mais estranhas que possam parecer, vamos arriscar e amar de peito aberto.
foi um pica-pau que disse isso....

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O vicio besta da completude


Completude, segundo o dicionário Michaelis completude é o estado daquilo que se encontra completo, tendo seu antônimo na palavra incompleto.
Essa tarde vendo um casal de namorados em um banco da praça trocando afagos, e juras me peguei pensando no sentido de completude.
Se analisarmos biologicamente falando, apenas em um estagio da vida se esta completamente ligado em estado de simbiose com outro ser, e isso se dá no estado fetal. Dentro do corpo da progenitora, envolvidos por fluidos, proteínas e calor do corpo materno, tendo como percepção do mundo exterior apenas as sensações proporcionadas pela mesma. Arrisco dizer que naquele exato momento de nossas existências somos criaturas perfeitamente completas.
Mas o que isso tem haver com o casalzinho de namorados?!. Pense no bebezinho, dentro de seu mundo único, sendo expelido contra sua vontade para um mundo de sons, luz e texturas totalmente desconhecidas, e em sua fúria, utilizando-se da única arma que possue para fazer jus ao seu desejo de permanência com o outro ser. Seu choro, sua indignação externalizada. Naquele exato momento nasce em nós como indivíduos humanos a síndrome que nenhuma das ciências humanas conseguiu solucionar: a síndrome do paraíso perdido.
Daquele momento em diante, nos procuramos avidamente por algo que nos complete, tentado suprir o eu foi brutalmente tirado de nós.
E procuramos isso nas mais variadas formas e teores possíveis, em relações humanas, esporte, musica, artes, religião, o desejo de completar-se ruge dentro de nos, o anseio por nos sentirmos novamente uma unidade perfeita.
Agora observe o jovem casal, trocando suas promessas de amor eternas, embriagadas de paixão. Mal compreendem o real significado da paixão que tão afoitamente declaram sentir. O contexto de paixão na sua origem grega passio, significa sofrimento, daí vem a famosa expressão paixão de cristo, sofrimento de cristo, passio é sofrimento, paixão é sofrer, uma antítese bem gritante em relação a conotação que se da hoje, de paixão, amor extremo, sentimento consumidor, mais ligado a luxuria a consumação.
E esse sofrimento a descrição exata e perfeita de nosso vicio de completude. Esse desejo egoísta de auto-satisfação que procuramos diligentemente no outro, procurando respostas aos nossos anseios psico-maternais no colo do companheiro(a). esse é egoísmo que transforma a paixão em passio, e o que poderia ser uma relação duradoura em uma chama única que se extingue após o ápice.
Ligue a tv e veja quantos programas de auto ajuda você consegue encontrar, de uma boa checada na lista dos best selers da atualidade e veja quantos tem a mesma temática altruísta de elevar o moral, de nos auxiliar na busca dessa lacuna existencialista, ou seja manuais enrustidos de como alcançar o paraíso perdido. Usei o termo síndrome, mas sendo honesto comigo mesmo, em alguns casos é uma paranóia, um vicio solitário, masturbatoriamente falando.
O casal tão intenso em suas promessas, ainda vão se dar conta de o quão difícil é curar-se e curar o ser amado desse parasitismo que se chama completude.
Amar e responsabilidade demais para seres tão pouco evoluídos como nossa raça, o amor biblicamente "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." I Coríntios 13:4-7
No grego antigo, havia três palavras que significavam amor: "eros", "phileo" e "ágape". Eles usavam a palavra de acordo com o tipo de amor a que estavam se referindo.A palavra "eros" se referia ao amor sexual e, como sabemos, deve existir dentro do casamento.A 2a palavra "phileo" significava o amor que existia entre pais e filhos, e entre irmãos. Este tipo de amor, que se desenvolve com o tempo, também deve existir no casamento.Por último, temos o amor "ágape" que é o mais profundo e o mais sublime de todos. Este amor sempre caracterizou Deus.
Amar é algo divino, que a nos humanos só cabe conhecer quando de bom vencemos a síndrome do paraíso perdido. Amar é aceitar o fato, que esse vicio besta de completude so nos priva da oportunidade de amadurecemos como indivíduos e deixarmos de literalmente sermos uns bebês chorões